sábado, 12 de dezembro de 2015

Banda Marcial do Corpo de Fuzileiros Navais na Escócia. Apresentação com...

Banda Devassa - Penha.


13 de Dezembro - Dia do Marinheiro.

TESTAMENTO DO ALMIRANTE TAMANDARÉ.
TEXTO ORIGINAL: "Não havendo a Nação Brasileira prestado honras fúnebres de espécie alguma por ocasião do falecimento do imperador, o senhor D. Pedro II, o mais distinto filho desta terra, tanto por sua moralidade, alta posição, virtudes, ilustração, como pela dedicação no constante empenho ao serviço da Pátria durante quase 50 anos que presidiu a direção do Estado, creio que a nenhum homem do seu tempo se poderá prestar honras de tal natureza, sem que repute ser isso um sarcasmo cuspido sobre os restos mortais de tal indivíduo pelo pouco valor dele em relação ao elevadíssimo merecimento do grande imperador.
Não quero pois, que por minha morte se me prestem honras militares, tanto em casa como em acompanhamento para sepultura.

Exijo que meu corpo seja vestido somente com camisa, ceroula e coberto com um lençol, metido em um forrado baeta, tendo uma cruz da mesma fazenda, branca, e sobre ela colocada a âncora verde que me ofereceu a Escola Naval em 13 de Dezembro de 1892, devendo-se colocar no lugar que faz cruz a haste e o cepo um coração imitando o de Jesus, para que assim ornado signifique a âncora-cruz, o emblema da fé, esperança e caridade, que procurei conservar sempre como timbre dos meus sentimentos.

Sobre o caixão não desejo que se coloque coroas, flores nem enfeites de qualquer espécie, e só a 'Comenda do Cruzeiro' que ornava o peito do Sr. D. Pedro II em Uruguaiana, quando compareceu como primeiro dos 'Voluntários da Pátria' para libertar aquela possessão brasileira do jugo dos paraguaios que a aviltavam com sua pressão; e como tributo de gratidão e benevolência com que sempre me honrou e da lealdade que constantemente a S.M.I. tributei, desejo que essa comenda relíquia esteja sobre meu corpo até que baixe à sepultura.

Exijo que não se façam anúncio nem convites para o enterro de meus restos mortais, que desejo sejam conduzidos de casa para o carro e desta à cova 'por meus irmãos em Jesus Cristo' que hajam obtido o 'foro de cidadãos' pela 'Lei de 13 de maio'. Isto prescrevo como prova de consideração a 'essa classe de cidadãos' de reparação à falta de atenção com eles se teve pelo que 'sofreram durante o estado de escravidão'; e reverente homenagem à grande 'Isabel Redentora', benemérita da pátria e da humanidade, que se imortalizou libertando-os.

Exijo mais, que meu corpo seja conduzido em carrocinha de última classe, enterrado em sepultura rasa até poder ser exumado, e meus ossos colocados com os de meus pais, irmãos e parentes, no jazigo da família Marque Lisboa.

Como homenagem à Marinha, minha dileta carreira, em que tive a fortuna de servir à minha pátria e prestar alguns serviços à humanidade, peço que sobre a pedra que cobrir minha sepultura se escreva: 'Aqui jaz o velho marinheiro'.
Almirante Marques Lisboa - Marque de Tamandaré". 
(Banda Devassa).

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