sábado, 29 de setembro de 2018

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Banda Devassa - Rio de Janeiro. (Cultura, Esporte e Lazer).


UMA MULHER DE TRINTA ANOS, O "HOMEM ECONÔMICO" E A "MULHER LITERÁRIA":
(Crônica em homenagem ao Dia da Mulher e ao Trintenário da Constituição Brasileira de 1988).

A sétima constituição brasileira está na "crise dos trinta". Já se foi o tempo de amadurecer, tenha (mos) ou não feito isso. Algumas conquistas. Diversas derrotas. Ela começa a se perguntar pela primeira vez quanto tempo lhe resta para cumprir (mos) suas promessas. Talvez não muito, a depender das contínuas agressões do "homem econômico".

Este, embora relativamente complexo, pode ser resumido por dois atributos. Ele é um maximizador da utilidade para seu próprio bem-estar; ele é o infalível juiz de suas preferências. Ele escolhe o que prefere, prefere o que quer, quer o que deseja, e deseja o que maximiza seu bem-estar subjetivo. Ele é, contudo, incapaz de fazer comparações intersubjetivas, sejam de utilidade, moralidade, política, etc. Desprovido, pois, de qualquer empatia.

O "homem econômico" tupiniquim tem ganhado muita força nos últimos anos. Diz ele que levanta a bandeira da liberdade. Uma liberdade alcançada somente com o sacrifício de partes vitais da constituição brasileira, como os seus direitos sociais, difusos e coletivos. Em sua companhia, a constituição é "Júlia", a mulher de trinta anos de "Honoré de Balzac", presa a um mundo mesquinho e limitado – (do mercado e da competição).
O homem econômico diz que a culpa da miséria brasileira é dela. Chega a acusá-la de comunista ou fascista, veja só. Ele já lhe arrancou alguns pedaços. "Congelou" outros… E pode fazer muito mais.

Mas talvez não seja o fim. É que a "mulher literária" - (assim como o homem econômico) - está conquistando seu espaço nas terras brasileiras. Em contraste àquele, esta veio provar que não somos unimotivacionais. Não buscamos sempre o nosso bem. Ela, como qualquer um, pode ser egoísta, mas também altruista, sádica, autômata, masoquista, opressora e talvez, (por que não), submissa. Seu caráter multivacional caçoa do solipsismo de mão única do homem econômico.

Enquanto para a mulher literária o raciocínio utilitarista-solipsista é de menor importância, o exercício da empatia – (algo impossível ao homem econômico) – constitui sua habilidade fundamental. Ela nos mostra que ao ler ou ouvir uma estória elaboramos comparações intersubjetivas, inclusive de utilidade, mas também de moralidade, especialmente em relação a experiências que não tivemos ou nunca teremos. Ela possui uma habilidade virtualmente infinita de compreender a subjetividade do outro, até mesmo quando tal empatia é mais dificultada, como nos casos entre ricos e pobres, mulheres e homens, negros e brancos, jovens e velhos, homossexuais e heterossexuais.

Enquanto o "homem econômico" só ensina a calcular, a "mulher literária" oferece a capacidade de compreender, o que equivale a sair do utilitarismo-solipsista e adentrar em um âmbito hermenêutico por excelência. Isso é abrigo e consolo à constituição, e a quem ainda a respeite. A figura da mulher literária serve como contraponto ao homem econômico porque prova que através da literatura podemos compreender os outros, inclusive os mais distantes, algo essencial para a construção de uma sociedade livre, justa e solidária. (Robin West).

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