domingo, 30 de setembro de 2018

Banda Devassa - "Marina Julia" - Praça Marechal Mauricio Cardoso. Vídeo ...

Banda Devassa - Rio de Janeiro. (Cultura, Esporte e Lazer).


A POLÍTICA E A CULTURA DO CORONELISMO.

O Coronelismo foi um sistema de poder político que vicejou na época da "República Velha" (1889-1930), caracterizado pelo enorme poder concentrado em mãos de um poderoso local. Ele não só marcou a vida política e eleitoral do Brasil de então como fez por contribuir para a formação de um clima muito próprio, cultural, musical e literário que fez da sua figura um participante ativo do imaginário simbólico nacional.

Identificado com o Brasil do passado, agrário, rústico e arcaico, ele ainda sobrevive em certas comarcas e em certos estados do Nordeste brasileiro como o poderoso “mandão local”, uma espécie de velho barão feudal que, desconsiderando as razões do tempo e da época, insiste em manter-se vivo e atuante.

O título de "coronel" remonta à criação da Guarda Nacional, em 1831, pelo governo imperial, em substituição às milícias e ordenanças, com a finalidade de defender a constituição e a integridade do império. Como seus quadros eram nomeados pelo governo central ou pelos presidentes de província, o tráfico de influências e a corrupção política logo dominaram o sistema.

A "patente de coronel" tornou-se equivalente a um título nobiliárquico, concedida de preferência aos senhores de terras, que assim adquiriam autoridade para impor a ordem sobre o povo e os escravos. Sem vigilância direta, perdido nas distâncias e defendido por um partido nos excessos que cometesse, o coronel personificou a invasão particular da autoridade pública, favorecido pelo sistema que o nomeava e sustentava.

Opor-se ao governo do estado, exceto no caso de municípios mais ricos, implicava sérias privações para o chefe municipal e seus seguidores. A vitória eleitoral do coronel de oposição foi sempre fato raro, pois a "máquina" do governo na política, no fisco, na justiça e na administração trabalhava contra ele. Se eleito, precisava de recursos que dificilmente viriam sem concessões de sua parte. Além disso, o governo podia seduzir os chefes da oposição, sempre que se mostrassem mais eficazes que seus correligionários na arregimentação de votos.

Materialmente o mundo dos coronéis era povoado pela escassez de tudo e pela pobreza quase que absoluta, quando não miséria dos moradores, "o que explica a enorme dependência que todos tinham dele".

Ele era um "pode-tudo" a quem era preciso recorrer nas mais diversas situações, sendo portanto compreensível que o coronel exigisse daqueles que se qualificavam como votantes, o compromisso da fidelidade. Na ausência quase que absoluta do Estado, era o coronel quem exercia as mais variadas funções, sendo simultaneamente o detentor do poder político, jurídico e legislativo do município que lhe cabia, fazendo com que sua autoridade cobrisse todos os espaços daquela geografia da solidão.

O voto de cabresto foi decorrência disso. O eleitor trocava o seu voto por um favor. Este poderia ser um bem material (sapatos, roupas, chapéus, etc.) ou algum tipo de obséquio (atendimento médico, remédios, verba para enterro, consulta médica, matrícula em escola, bolsa de estudos, etc.). Esta placidez obediente dos que tinham direito a votar fazia com que eles fosse integrantes do "curral eleitoral". Ao comportarem-se nas eleições tais como bois mansos era inevitável que os considerassem como gente de segunda classe, incapaz de reagir ao despotismo do manda-chuva.

Os coronéis, enfim, fizeram o processo eleitoral funcionar a favor deles, em detrimento dos poderes regionais e, em seguida, dos municipais. Para ampliar ainda mais o seu mando tornaram-se comuns práticas ilícitas de "manipulação eleitoral", tais como o "eleitor-peregrino" (o sujeito que votava diversas vezes) ou o "eleitor-fantasma" (não davam baixa dos mortos das listas eleitorais, permitindo que alguém votasse em nome deles, fazendo deles “defuntos cívicos” que levantavam da tumba para irem até as juntas eleitorais), e mais toda uma série de trapaças outras que pertencem.

Como não poderia deixar de ser a literatura brasileira foi pródiga neste século em abrigar as façanhas e malvadezas dos coronéis. O mundo rural, violento e rústico, onde eles se moviam, mereceu copiosas descrições, e os “causos” em que eles foram participantes ativos viraram contos ou histórias dos romancistas e dos roteiristas das telenovelas brasileiras, quando não os próprios coronéis ao riquíssimo folclore político brasileiro.

Nas ultimas décadas do século, a população rural correu para as cidades, atraída inicialmente pelo processo de industrialização e deixou de usar a enxada como instrumento de trabalho, a relação entre o coronel e o voto de cabresto parece sobreviver sob novas formas diversificadas de “coronelismo” no Brasil urbano.

A relação de reciprocidade ganha novos contornos e amplia a sua esfera para outras arenas: a vaga na escola só é concedida pelo vereador – (a rede de água e esgoto ou a instalação elétrica compete ao deputado estadual); e os investimentos em transporte ou pólos de desenvolvimento ficam com os deputados federais e os senadores.

As políticas públicas acabam sempre privatizadas pelas verbas distribuídas diretamente aos parlamentares, pela contratação de "cabos eleitorais" para assumir funções nobres em órgãos públicos ou pelos “currais comunitários” desenvolvidos pelos “coronéis modernos”.

E o que dizer do "coronelismo eletrônico?" O advento das mídias eletrônicas de massa e sua universalização, num país onde os "baixíssimos níveis de EDUCAÇÃO da população" as transformam num meio hegemônico de informação e, mais grave que isso, num meio hegemônico de formação e de indução de modas e costumes, ensejam o surgimento de uma versão eletrônica do fenômeno do coronelismo, infinitamente mais abrangente e perigoso que a versão anterior.

Quem, não por acaso, deu o impulso definitivo a esse surgimento foi um dos mais legítimos representantes dessa versão brasileira do "caudilhismo", o ex-senador "Antonio Carlos Magalhães" que, quando ministro das Comunicações do governo "José Sarney", distribuiu canais de radio e televisão a todos os grupos políticos regionais dominantes, especialmente no Norte e Nordeste do País, e articulou a filiação de muitos desses canais à mais poderosa das redes privadas de televisão, à qual ele estava, na época, umbilicalmente ligado.
>>> "Assim nasceu a relação de crescente promiscuidade entre o poder político e o poder da mídia que desvirtua a democracia brasileira".

Veja um retrato desse quadro:

Os políticos controlam ¼ das emissoras comerciais de televisão do Brasil: (60 de um total de 250). Esse número se refere apenas aos veículos que detêm concessão governamental para reger programação.

A Rede Globo tem 21 filiais pertencente a políticos, o SBT tem 17, a Bandeirantes 9. entre os políticos que vivem de retransmitir e vender programação da Globo em seus estados estão os ex-presidentes "Jose Sarney" e "Fernando Collor de Mello", os ex-governadores "Roseana Sarney" (MA), "Garibaldi Alves Filho" (RN) e "Albano Franco" (SE).

ACORDA BRASIL !!!!

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