"TRIO BIJU"... (musas inesperadas).
Quando me encontrou no Mega-box bebendo um bom vinho, Dudu (Eduardo) abriu seu melhor sorriso.
>>> “Faz tempo que quero sugerir um tema para suas crônicas”. (disse ele), dando a pausa dos imaginários dois-pontos:
>>> “As pessoas que sugerem temas para crônicas".
Ele me acompanhou numa taça de vinho... beliscou um "gorgonzola" e seguiu seu rumo... Mas a ideia ficou.
Quem vive de escrever sabe que um dos ossos mais duros do ofício é diferenciar a inspiração "autêntica" do decepcionante... "fogo de palha". Ideias bacanas, todos têm, o tempo todo.
O danado é descobrir o que se faz a partir da tal "iluminação divina" - (começando pelo básico): não existe iluminação nenhuma. Existe trabalho. Deve-se transformar o mote num
mil-folhas literário e recheá-lo com um creme saboroso, que prenda o leitor até a última "gota" (mordida).
O "assédio" não acontece apenas em torno de cronistas... Romancistas e noveleiros também têm sua cota de “minha vida daria um livro”.
Não é difícil entender o motivo. Qualquer pessoa é protagonista da própria existência, mesmo que esta seja tão excitante quanto um "copo de leite morno". Quando encontra quem sabe transformar tudo em diálogo de novela ou capítulo de livro, a estrela anônima quer ser descoberta e, quem sabe...
"virar musa"...
A inspiração, no entanto, "é preguiçosa". Muitas vezes, passam-se anos até que - (no meio de um texto qualquer) - vem à lembrança uma situação vivida pelo autor, escutada na rua numa ocasião perdida no tempo.
Também não existem situações inspiradoras por si só. Quem escreve é sempre apanhado de surpresa. Eu as vezes quando estou bebendo vinho, tenho que estar com caneta e papel, outras vezes fazendo café ou até fazendo a barba !@!!
As musas não são lá muito metódicas e, por isso, contam com o empenho do escritor. Ela, (a musa), faz a parte dela, dando a ideia. O resto é com você - (escrever e reescrever várias vezes, pesquisar, testar, reconhecer que errou aqui, alegrar-se porque acertou ali). O piano precisa ser carregado, e só restou você para fazer a mudança.
Não acredito em “jorro criativo”. É fundamental escolher as palavras adequadas à história que queremos contar.
Um personagem solar, alegre, usa palavras de som aberto, muitos “as” e “és”. Criações soturnas e sofridas, pelo contrário, apelam para sons fechados, anasalados. Na vida real, ninguém fala igual ao vizinho. Personagens são a mesma coisa.
Também não é vergonha nenhuma vampirizar o que se ouve por aí - (não piratear, note a diferença). O "nosferatu literário" soma à experiência alheia as diversas fontes que começam a cair no seu colo, como se fosse por acaso...
Um livro, um filme, alguém contando algo na fila do mercado, as musas apenas mandam a mensagem, não se importando com o meio utilizado.
A sempre interessante "vida alheia" é fonte inesgotável para a ficção. Mas, ao usá-la, substitua o nome dos envolvidos. Você fica mais solto para criar e se livra de eventuais processos. Só use nomes reais se quiser honrar a pessoa que deu a ideia para a crônica. (Banda Devassa-Rio - 13 de Janeiro de 2019).
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