BOECHAT... e o "JORNALISMO OPINATIVO"...
Lembro de uma palestra do jornalista "Ricardo Boechat" na inauguração da Tribuna BandNews (Fortaleza) sobre o jornalismo e o rádio. Isso foi em 2013.
"Boechat" defendeu que apresentadores - (ou âncoras) - pudessem opinar. Seria uma forma de aproximar o veículo (e a própria atividade jornalística) do público.
Obviamente, as opiniões precisariam ter o respaldo da experiência profissional e embasamento nos fatos.
Quem faz "jornalismo opinativo" de verdade (assumindo posicionamentos) sabe as responsabilidades que assume e os riscos que corre: por um lado, checar e checar insistentemente as informações, contribuir no aprofundamento dos temas de interesse geral, por outro, criar antipatias, desagradar grupos, errar o tom, cometer injustiças, ser processado.
Riscos que valem, pois muitas vezes a opinião é o complemento da notícia.
"Boechat" conseguiu unir essa disposição a credibilidade do apresentador. O segredo para isso ele mesmo revelou nesse evento que mencionei: priorizar os cidadãos e não as autoridades...
Saber ouvir para dar voz. Não só isso. Quem o escutava com frequência percebia que sua crítica não se confundia com ressentimentos, torcida, panfletagem, causas particulares, nem se limitava a um determinado grupo político.
Por isso tudo a partida trágica do jornalista apresentador que OPINAVA sem se omitir jamais tocou a tantas pessoas que manifestaram na imprensa e nas redes a tristeza de perder alguém que lhes parecia, mesmo à distância, próximo como um amigo com quem conversassem regularmente.
A saudade se manifestou instantânea, prova de que Boechat estava certo quando defendia a interação honesta com o público. Seu silêncio prematuro é difícil de ser assimilado.
"Wanfil". (Banda Devassa-Rio - 12 de fevereiro de 2019).
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