"A MULHER SELVAGEM"...
(Crônica em Homenagem às Mulheres).
>>> "Essa crônica é uma homenagem à todas as mulheres, que se desdobram em mil, que são sempre tão dinâmicas e otimistas, que acreditam na vida e no amor e que jamais desistem de si mesmas" !!!! (Banda Devassa).
Sua beleza é arisca... arredia aos modismos.
Ela encanta "por um não-sei-quê indefinível"... mas que também agride o olhar...
É um tipo raro e não tem habitat definido: vive em Catmandu, mora no prédio ao lado ou se mudou ontem para Barroquinha.
E não deixou o endereço. "É ela... a mulher selvagem".
"Em quase tudo ela é uma mulher comum": pega metrô lotado, aproveita as promoções, bota o lixo para fora e tem dia que desiste de sair porque "se acha um trapo".
"Porém em tudo que faz exala um frescor de liberdade".
E também dá arrepios: você tem a impressão que viu "uma loba na espreita". Você se assusta, olha de novo... e quem está ali é a mulher doce e simpática, ajeitando dengosa o cabelo, quase uma menininha. Mas por um segundo "você viu a loba", viu sim. "É a mulher selvagem" !!!!
A sociedade tenta mas não pode domesticá-la, "ela se esquiva das regras".
"Quando você pensa que capturou... escapole feito água entre os dedos".
"Quando pensa que finalmente a conhece... ela surpreende outra vez".
Tem a alma livre e só se submete quando quer. Por isso escolhe seus parceiros entre os que cultuam a liberdade. E como os reconhece? Como toda loba... (pelo cheiro), por isso é bom não abusar de perfumes. Seu movimento tem graça, o olhar destila uma sensualidade natural... mas, cuidado, não vá passando a mão. Ela é um bicho, não esqueça. Gosta de afago mas também arranha...
Mulheres gostam de fazer mistério. Ela não... "ela é o mistério".
"Por uma razão simples: a mulher selvagem sabe que a vida é uma coisa assombrosa e perfeita e viver é o mais sagrado dos rituais".
Ela sente as estações e se movimenta com os ventos, rindo da chuva e chorando com os rios que morrem.
"Coleciona pedrinhas, fala com plantas e de uma hora para outra quer ficar só, não insista".
Não... ela não é uma esotérica deslumbrada mas vive se deslumbrando: com as heroínas dos filmes, aquela livraria nova, um presente inesperado... "Ela se apaixona, sonha acordada e tem insônia por amor. As injustiças do mundo a angustiam mas ela respira fundo e renova sua fé na humanidade".
"Luta todos os dias por seus sonhos, adormece em meio a perguntas sem respostas e desperta com o sussurro das manhãs em seu ouvido, mais um dia perfeito para celebrar o imenso mistério de estar vivo".
Ela equilibra em si cultura e natureza, movendo-se bela e poética entre os dois extremos da humana condição. Ela é rara, sim, mas não é uma aberração, um desvio evolutivo. Pelo contrário:
>>> "ela é a mais arquetípica e genuína expressão da feminilidade, a eterna celebração do sagrado feminino".
>>> "Ela está aí nas ruas, todos os dias".
"A mulher selvagem ainda sobrevive em todas as mulheres mas a maioria tem medo e a mantém enjaulada".
Ela é o que todas as mulheres são, sempre foram, "mas a grande maioria esqueceu".
"Felizmente algumas lembraram". Foram incompreendidas, sim, mas lamberam suas feridas "e encontraram o caminho de volta à sua própria natureza".
Esta crônica é uma homenagem a ela, a mulher selvagem, o tipo que fascina os homens que não têm medo do feminino. Eles ficam um pouco nervosos, é verdade, quando de repente se vêem frente a frente com um espécime desses.
Por isso é que às vezes sobem correndo na primeira árvore. Mas é normal. Depois eles descem, se aproximam desconfiados, trocam os cheiros e aí...
>>> "Bem, aí a Natureza sabe o que faz" !@!!
(Banda Devassa-Rio - 16 de fevereiro de 2019).
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