Banda Devassa - Rio de Janeiro. (Cultura, Esporte e Lazer).
A ÉTICA... SEGUNDO SÓCRATES...
CABRAL (preso) e DEMÓSTENES.
Para Sócrates a "obediência à lei" era o divisor entre a civilização e a barbárie. Segundo ele, as ideias de ordem e coesão garantem a promoção da ordem política. A ética deve respeitar às leis, portanto, à coletividade. Sua abnegação pela causa da educação do homem e do bem coletivo levou-o a se curvar ante o desvario decisório dos homens de sua época.
Acusado de corromper a juventude e de cultuar outros Deuses, foi condenado a beber cicuta pelo tribunal ateniense. Resignou-se à injustiça daqueles que o acusavam, em respeito à lei a que regia a sociedade ateniense.
Na Idade Média, "Nicolau Maquiavel" rompeu com a moral cristão, que até então impunha valores espirituais como superiores aos políticos. Maquiavel defendeu a adoção de uma moral própria em relação ao Estado, aonde o que importava eram os resultados e não a ação política em si. Considerava legítimo o uso da violência contra os que se opunham aos interesses do Estado.
Já na época das luzes, "Kant" afirmava que o fundamento da ética e da moral seria dado pela própria razão humana: a noção de dever. Ainda segundo Kant, o reconhecimento dos outros homens, como fim em si e não como meio para alcançar algo, seria o principal motivador da conduta individual.
Mais recentemente, o filósofo inglês "Bertrand Russell" afirmou que a ética é subjetiva, portanto não conteria afirmações verdadeiras ou falsas. Porém, defendia que o ser humano deveria reprimir certos desejos e reforçar outros se pretendia atingir o equilíbrio e a felicidade.
O conceito pode ser interpretado, assimilado e aplicado de maneira elástica e de acordo com interesses pessoais. O que se entende ser "falta de ética" é relativo e dependendo da situação, os meios podem até mesmo justificar os fins. O mínimo que se espera em que resolve abraçar a vida pública é que tenha um sólido e complexo entendimento da dimensão dessa palavra.
Após esse enorme preâmbulo, vamos dar um salto no tempo e no espaço para chegarmos aos dias atuais.
>>> "Trancoso", sul da Bahia – 2011: Um terrível acidente de helicóptero vitimou várias pessoas que iriam para um luxuoso condomínio, a maioria dessas vítimas eram parentes do empresário "Fernando Cavendish", sócio da "empreiteira Delta" e amigos do "Governador Sérgio Cabral" (PRESO).
Diante da dimensão dessa tragédia a mídia acabou, (talvez por pudor)... (talvez por omissão), não se aprofundando como deveria na intimidade entre o "Governador do Estado e o empreiteiro". Talvez por receio de passar a impressão de que estariam se aproveitando de um momento de fragilidade do Governador diante da dimensão da sua tragédia pessoal, mas como diria um filósofo de Taubaté:
>>> “uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa”.
>>> Gostaria de fazer algumas reflexões e expor a situação acima sob o meu entendimento pessoal do que seria ética.
Então um governador não tem direito de escolher como bem entenda suas amizades? Pelo meu conceito de ética, sim. Desde que esse mesmo empreiteiro "não tivesse contratos milionários com o Estado", boa parte... "sem licitação". Agora com a criação da "CPI de Carlinhos Cachoeira", aonde a Delta está envolvida até o pescoço, o assunto voltou à tona com mais força.
O vice-governador (agora Governador) "Pezão" discorda do meu conceito, declarou recentemente na televisão, defendendo Cabral, que por ser secretario de governo ele mesmo possui amizade com vários empreiteiros. (Não deveria).
Como secretário deve ter sim "relações profissionais" com estes, poderia sim recebê-los em seu gabinete e até mesmo almoçar com eles em algum restaurante, assim se exige no mundo dos negócios. Mas não qualificá-los como amigos e menos ainda frequentar suas casas.
Mas político adora boca livre, mordomia e usufruir das benesses que o cargo lhes proporciona. Se Sérgio Cabral não fosse governador teria o topete de pedir emprestado o avião de "Eike Batista" para viajar a Trancoso? Eike o teria emprestado?
Mas afinal de contas por que diabos um Governador de Estado não pode pegar um avião comercial até Porto Seguro? Se não fosse Governador teria sido convidado para a luxuosa casa de "Fernando Cavendish?"
Quem em sã consciência emprestaria de bom grado seu jatinho para um amigo durante toda uma semana apenas por carinho fraternal? Esse jatinho emprestado foi às Bahamas, voltou a Manaus, retornou às Bahamas, voltou ao Rio, foi novamente às Bahamas e ufa… voltou ao Rio.
Pois é, o dono do jatinho era o mesmo "Eike Batista", possuidor de contratos milionários com o Estado do Rio que generosamente o emprestou para que seu “amigo” o usufruísse.
"O amigo era Cabral", o governador desse mesmo estado.
É correto isso? Em nenhum momento passou algum tipo de reflexão na cabeça do governador sobre se isso era ético? Além do avião de Eike, fica também no ar outras perguntas:
>>> "Quem pagou o combustível desse enorme périplo? E as despesas com a guarda do avião? As diárias e hospedagem da tripulação?"...
Pois é, tais atitudes "irresponsáveis" faz-no pensar em coisas terríveis. A única certeza é que definitivamente, Cabral o-d-e-i-a desembolsar dinheiro para um vôo comercial.
Detalhe, essas benesses, mimos e ligações perigosas de Cabral só vieram à tona por obra e "(des)graça da tragédia".
Mas um governador não tem direito a privacidade? "Sim e não".
A partir do momento em que se lança na vida pública sua privacidade é relativa. Ela termina no momento em que sua privacidade se mistura com o interesse público.
Nesse ponto o governador ultrapassou essa tênue fronteira. Mas e se fossem amigos antes dele ser governador? Então deveriam parar de se frequentar e se distanciar para que não houvesse a junção do interesse público X privado.
>>> Brasília, 2012 – Na tribuna do Senado Federal, o Senador "Demóstenes Torres" se defende das acusações de ligação com "Carlinhos Cachoeira", que por sua vez possui "grandes ligações com a mesma Delta de Fernando Cavendish". O Senador alega não ter devolvido uma geladeira ganha do notório contraventor, como presente de casamento, porque “diz a boa educação que não se deve perguntar o preço de um presente”. Apesar de odiar frases feitas, provérbios ou ditados, uma frase não me sai da mente em relação a essa terna amizade:
>>> “Me diga com quem andas que te direi quem és”.
Para terminar um pouco de história:
>>> Roma, 60 A.C. – "Pompéia" vivia solitária enquanto o marido "Júlio César" passava longos meses em campanha com seus exércitos. "Clódio", membro da nobreza e admirador da moça, entrou disfarçado à noite no palácio para conseguir se aproximar de Pompéia, porém acabou se perdendo pelos corredores. Descoberto, acabou preso.
Clódio foi levado a julgamento e o próprio César foi convocado para prestar esclarecimentos. Em juízo declarou ignorar o que se dizia sobre sua esposa e a julgou inocente. Clódio foi absolvido, mas Pompéia não se livrou do ostracismo e do repúdio do marido.
Para quem o acusava de estar sendo contraditório, ao defendê-la em tribunal e condená-la em casa, ele afirmou:
>>> “À mulher de César não basta ser honesta...
tem que parecer honesta” !!!!
(Banda Devassa-Rio. 14/10/2018).
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