domingo, 25 de novembro de 2018

Banda Devassa - "SOS Iémem das Criancinhas Asiáticas... Santa Cecília" (...

Banda Devassa - Rio de Janeiro. (Cultura, Esporte e Lazer).


ENTENDA A COMPLEXA GUERRA QUE JÁ MATOU 10 MIL NO IÊMEN.

Na prática, Irã (maior potência xiita da região) está travando uma guerra por procuração contra a Arábia Saudita (maior potência sunita)

Os Estados Unidos atingiram na madrugada desta quinta-feira com mísseis Tomahawk três postos de radar no Iêmen, na costa do mar Vermelho, controlados por rebeldes xiitas houthis.

Segundo o Pentágono, a ação foi uma resposta a um ataque realizado dias antes contra um navio de guerra norte-americano que navegava pela região. Os disparos foram autorizados pessoalmente pelo presidente Barack Obama, sob recomendação do secretário de Defesa, Ash Carter.

Essa foi a primeira ação de fogo dos Estados Unidos na guerra civil no Iêmen, que já dura mais de um ano e meio e matou mais de 10.000 pessoas. Até agora, Washington havia se limitado a dar assistência logística à coalizão liderada pela Arábia Saudita contra os houthis, mas a entrada do poderoso Exército americano no conflito pode alterar o curso da guerra.

ENTENDA...

O conflito atual no país árabe teve início nos primeiros meses de 2015, com uma insurreição dos houthis, iemenitas de orientação xiita, apoiada pelo Irã. Alegando serem vítimas de discriminação por parte do presidente sunita Abdo Rabbo Mansour Hadi, eles deflagraram uma revolta e tomaram parte do país, incluindo a capital Sanaa. (Entenda a divisão entre xiitas e sunitas na lista abaixo).

Isso motivou a reação das monarquias sunitas da Península Árabe, que, lideradas pela Arábia Saudita e com apoio dos EUA, formaram uma coalizão para combater os houthis. Desde então, o Iêmen convive com bombardeios quase diários e uma divisão que parece longe de ter fim. Na prática, Irã (maior potência xiita da região) está travando uma guerra por procuração contra a Arábia Saudita (maior potência sunita).

Para piorar, o país abriga uma das células mais ativas da Al Qaeda e vê o aumento da influência do grupo terrorista Estado Islâmico (EI). O primeiro ataque direto promovido pelo Pentágono pode agravar a situação, já que o Irã enviou dois navios de guerra ao Golfo de Áden após a ação da Marinha norte-americana.

Segundo o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur), a crise no Iêmen já fez mais de 180.000 pessoas deixarem o país, 51.000 delas fugindo para o vizinho Omã, e 39.000 para a Arábia Saudita.

Contudo, muitas também se arriscam a cruzar o Golfo de Áden com destino ao Chifre da África, principalmente Djibuti (36.000) e Somália (33.000). É dessa região que sai boa parte das pessoas que atravessam o Mediterrâneo rumo à Itália para pedir refúgio na Europa.

O ISLAMISMO E SUAS SUBDIVISÕES.

O autocarro viria a arrancar. Primeiro, pararam numa mesquita, onde Osama Zeid Al Homran filmou os seus colegas a recitarem versos do Corão. Depois, passaram num cemitério, onde correram desenfreadamente, perseguindo-se uns aos outros, entre as campas.

E, a seguir, voltaram para o autocarro. Quando já estavam a bordo, foram alvo daquele que foi, até hoje, um dos ataques mais bárbaros dos mais de três anos que já leva a guerra do Iémen: uma bomba lançada por um avião pela Arábia Saudita (e apoiada pelos EUA, Reino Unido, França) atingiu de forma letal aquele autocarro. Morreram 51 pessoas, entre as quais 40 crianças.

Além disso, segundo a Cruz Vermelha, 79 pessoas ficaram feridas, contando-se entre estas 56 menores. Um deles, é o rapaz que aparece retratado na imagem de capa deste artigo. No hospital, negou receber tratamentos até lhe dizerem como estava o seu irmão.“Não, não, não! Só quando souber como ele está é que me podem tocar”, gritou aos médicos e enfermeiros.

Os números de 9 de agosto são negros, mas também parte de um contexto mais amplo que tem merecido pouca atenção. Ofuscado pela guerra na Síria (onde, de acordo com o Observatório Sírio dos Direitos Humanos, já morreram mais de 500 mil pessoas), o conflito no Iémen é, ainda assim, e praticamente desde o seu começo, o centro de uma das maiores crises humanitárias da atualidade.A 9 de agosto, um míssil da Arábia Saudita matou 40 crianças a bordo de um autocarro. É o episódio mais chocante de uma guerra longa, complexa e muito ignorada. Saiba, afinal, o que se passa no Iémen.

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Mesmo num país em guerra, o conceito de silêncio não existe na parte de trás de um autocarro que vai em visita de estudo. O barulho aumenta à medida que a idade dos alunos diminui e, no caso do autocarro de que falamos, eles eram mesmo novos. Teriam todos entre 6 e 11 anos de idade e estavam prestes a embarcar na visita de estudo prometida para o final do curso de verão que fizeram na sua escola corânica, no Norte do Iémen.

O cenário filmado por um daqueles rapazes, Osama Zeid Al Homran, era o que se esperava. Uns gritam, outros correm pelo meio do autocarro e os mais audazes chegam até a saltar por cima dos bancos em busca do seu lugar de eleição. Sabe-se lá com que paciência e capacidade de abstração, um adulto, presumivelmente um professor, conta os rapazes que já entraram — e outro, lá fora, encaminha-os um a um para dentro do autocarro.

1 - MUÇULMANOS OU ISLÂMICOS:

São os seguidores do Islã ou Islamismo, a segunda maior religião do mundo, com mais de 1,6 bilhão de adeptos (atrás apenas do Cristianismo, com 2,2 bilhões de fieis). O Islamismo é uma religião monoteísta que tem o Corão como livro sagrado e Maomé como o principal profeta. O Corão é considerado a palavra revelada de Deus e os ensinamentos de Maomé, chamados de ‘suna’, são exemplos da conduta muçulmana. A população muçulmana se divide entre sunitas, 85%, e xiitas, 15%. Essas duas correntes, contudo, contêm diversas subdivisões.

2 - DIVISÃO ENTRE SUNITAS E XIITAS:

Maomé morreu no ano 632 d.C. sem deixar sucessor. Os califas (líderes espirituais) que o sucederam foram escolhidos por aclamação entre os fiéis. Porém, muitos muçulmanos queriam que a sucessão respeitasse os laços consanguíneos do profeta, o que apontava para Ali bin Abi Talib, primo e genro de Maomé, que também insistia na sucessão dentro da linhagem imediata da família. A expressão Shi’atu Ali – (“partido de Ali”, em árabe) – deu origem ao termo “xiita”. Ali só foi aclamado califa em 656 d.C., depois que os três líderes religiosos anteriores morrerem.

Sua ascensão deu origem a uma guerra civil e acabou com a unidade entre os muçulmanos. Os xiitas seguem uma forma mais interpretativa da suna, a compilação dos ensinamentos de Maomé, adaptando seus preceitos aos dias atuais. Os sunitas acreditam que se deve seguir a suna à risca, por isso, consideram os xiitas heréticos e os tratam como cidadãos de segunda classe nos países onde são minoria.

3. SUBDIVISÕES ENTRE OS XIITAS:

Alauitas: Os alauitas veneram santos cristãos, comemoram o Natal e a Páscoa e não usam véu. Para eles, Ali é mais importante que Maomé. Consideram-se xiitas, mas, para muitos muçulmanos, não passam de uma seita peculiar.

Duodecimanos: maioria entre os xiitas. Para eles, existiram doze descentes de Ali com direito a guiar o Islã. O mais novo deles teria desaparecido no século IX e retornará um dia para liderar o povo muçulmano. Ismaelitas:

Distanciaram-se dos duodecimanos no século VIII e reconhecem apenas sete descendentes de Ali (o último deles se chamava Ismael).

Zaiditas: Reconhecem apenas os cinco primeiros imãs e divergem quanto à identidade do último deles. Não acreditam na infalibilidade dos imãs nem que eles tenham inspiração divina

4 - SUBDIVISÕES ENTRE OS SUNITAS:

Hanafitas: Membros da primeira escola jurídica, que estabeleceu o Corão, as tradições de Maomé e a analogia como bases para a lei islâmica. Apesar de se apoiarem na unidade da comunidade muçulmana mundial, aceitam os costumes locais como fonte secundária de aplicação da lei.

Malikitas: Para eles, a legislação se baseia principalmente nos costumes das comunidades que viviam na Medina antiga, priorizando as opiniões tradicionais e a analogia em um julgamento legal. A hadith (conjunto de narrações tradicionais de palavras e atos de Maomé) não deixa de ser utilizada, mas isso é feito mais arbitrariamente.

Shafitas: Fazem o julgamento legal com base principalmente no Corão e na suna e são mais rígidos em relação a decisões pessoais sobre temas que não estão no Corão. O consenso e a analogia são vistos como secundários, utilizados apenas para resolver possíveis ambiguidades.

Hanbalitas: Aceitam como guias apenas o Corão e a suna. Somente um imã tem autoridade para opinar, e, caso haja discordância entre dois imãs, a posição daquele que estiver mais de acordo com as escrituras prevalecerá.

Wahabitas: O wahabismo é uma forma puritana do sunismo que acredita que os livros sagrados devem ser seguidos literalmente. A interpretação dos sábios não é aceita. Os wahabitas mais conservadores consideram os xiitas e demais muçulmanos hereges.

Ibaditas: Não são considerados nem sunitas nem xiitas, apesar de terem mais semelhanças com os primeiros. Para eles, o líder muçulmano deveria ser escolhido pelos chefes das comunidades com base em sua sabedoria e piedade. Não deveriam ser consideradas a raça nem a ascendência do candidato.

5 - SALAFISTAS:

São adeptos de uma corrente mais radical do islamismo político. Entre os salafistas são comuns os casamentos arranjados e a poligamia. Alguns compram suas mulheres. Conhecidos por impor sua ideologia, almejam a restauração do Império Islâmico do século VII, cujo domínio se estendia por todo o Oriente Médio até a Espanha.

6 - DRUSOS:

São uma pequena facção islâmica muito fechada e com ritos secretos. Eles habitavam a região das Colinas de Golã, território no sul da Síria ocupado por Israel na guerra de 1967. Em árabe, Golã significa ‘a montanha dos drusos’. Hoje, os drusos encontram-se espalhados no Líbano, Israel, Síria, Turquia e Jordânia.

7 - BAHAIS:

Ex-xiitas que elaboraram uma nova religião monoteísta juntando conceitos islâmicos, judaicos e cristãos. Foi fundada por Bahau Lláh na Pérsia do século XIX, região que hoje abriga o Irã. Estima-se que existam entre cinco a seis milhões de bahais espalhados por mais de 200 países. Os bahais não possuem dogmas, clero, nem sacerdócio. Incluem entre seus mensageiros sagrados Krishna, Abraão, Buda, Jesus e Maomé. Hoje há cerca de 300 000 bahais no Irã, onde são perseguidos pela maioria muçulmana que os considera hereges.

(Banda Devassa - Rio - 25/11/2018).

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