22 de Novembro de 1573 - Parabéns Niterói - RJ (445 Anos).
"NITERÓI, UM MUNICÍPIO DIFERENTE, COM UMA ESCOLA DIFERENTE... NUM PARQUE DIFERENTE".
Não sou nascida nesta cidade, mas aqui resido desde criança, nela tendo recebido toda a minha formação moral, intelectual e cultural. A ela, pois, devo muito do que sou. E, talvez, pelo amor que lhe dedico e talvez também pelo muito que aqui tenho feito, principalmente na minha missão de educadora por quarenta e quatro anos, dela recebi o Título de "Cidadã Honorária Niteroiense", do qual muito me orgulho, sentimento este que procurei deixar registrado nesta pequenina trova:
“Niterói, eu te agradeço
este título honorário
e prometo a todo preço
torná-lo meu relicário”.
"Nictheroy" - assim se escrevia seu nome, de origem indígena, e que significa... “Água Escondida” - já foi capital de Estado:
o Estado do Rio de Janeiro.
Com uma área de cento e trinta quilômetros quadrados, seus primeiros colonizadores foram genoveses e portugueses, participantes da expedição de Estácio de Sá, que expulsou os franceses em 1564.
Niterói, cujo aniversário se festeja em "22 de novembro", foi fundada pelo cacique "Araribóia", o “Cobra Feroz”, chefe dos Temiminós, que recebeu a sesmaria em 1568, mas só ocupou em 1573.
Com seus 460 mil habitantes (1998), é considerada a melhor cidade do Estado em qualidade de vida e em quarto lugar no País. No setor do ensino, segundo pesquisas divulgadas pela ONU em setembro/98, a cidade encabeça a lista dos municípios de maior índice de EDUCAÇÃO do país.
Niterói é uma cidade dotada de inúmeras belezas naturais, feitas pela mão do Criador, como por exemplo a sua orla marítima, formada de belíssimas praias. E é também dotada de grande beleza artificial, feita pela mão do homem, tais como igrejas, museus, fortes, monumentos, estádios, praças, clubes e um sem número de escolas, possuindo até uma Universidade Federal:
a "Universidade Federal Fluminense", além de várias outras particulares.
Não me sendo possível, pela exiguidade de espaço, discorrer com detalhes sobre todas essas belezas, destacarei aqui apenas uma: a escola onde fiz o meu Curso Primário, nos idos da década de trinta.
UMA ESCOLA DIFERENTE...
E diferente por quê?
Considero-me uma pessoa privilegiada por ter estudado ali, um colégio diverso de todos os padrões de ensino que já conheci, na qualidade de aluna e, depois, professora que fui durante tão longo tempo.
O "Grupo Escolar Joaquim Távora" - (este era o seu nome) - era uma escola pública estadual, com um alto padrão de ensino, e bastante moderno para a sua época, sendo considerado o melhor no município e, quiçá, no Estado.
Situado em uma belíssima praça toda arborizada, a maior área verde e principal parque da zona sul da cidade, o colégio era cercado de pés de eucaliptos centenários que lhe emprestavam um ar de austeridade, mas sem nunca assustar os alunos; havia também palmeiras altíssimas, que pareciam vergar a qualquer momento e havia ainda inúmeros canteiros de diferentes feitios com uma enorme variedade de flores, alegrando o seu ambiente.
O "Campo de São Bento", nome pelo qual é conhecida esta praça, constituía uma área quase despovoada ao final do século. No início do Império, D. Pedro e a Imperatriz Leopoldina nele acampavam para assistirem aos exercícios militares.
Sua urbanização começou no meio deste século (XX) e, atualmente, é tombado por força de Lei, desde 1990.
Junto a suas árvores centenárias, o Campo de São Bento possui um enorme lago, onde existe um chafariz, um dos maiores da América Latina.
Hoje, por motivos óbvios, infelizmente, o meu Campo de São Bento é todo cercado de grades, fato este que tirou muito da sua beleza original...
>>> "Uma pena" !!!!
Mas, voltando a minha escola...
Por que era ela tão diferente?
Simplesmente porque ali as aulas eram ministradas ao ar livre... em bosques. Não havia paredes artificiais e frias; havia apenas as cercas de cedrinho, arredondadas, que formavam os bosques: as nossas “salas de aula”. Os tetos eram as copas das árvores, que nos protegiam do sol e, através das quais, nós vislumbrávamos o céu, e onde os pássaros, cantando, nos acompanhavam nas lições, como se fossem nossos coleguinhas.
Diariamente, pela manhã, funcionários da escola colocavam nos bosques as carteiras, os quadros-negros, as cadeiras e mesas das professoras, que, à tarde, eram recolhidos e guardados em lugares apropriados. Quando chovia, as mestras ministravam suas aulas-para todas as turmas ao mesmo tempo - (em um enorme ginásio, uma das pouquíssimas construções ali existentes).
E, quando inesperadamente caía a chuva, nós mesmos, os alunos, fazíamos este transporte, o que era bastante divertido.
Como se pode perceber, a “minha escola” era bem diferente. Os alunos não fugiam, apesar de não existirem paredes, portas e cadeados; não “matavam” aulas e poucas vezes recebiam algum castigo.
E mais:
"não eram assaltados, sequestrados nem assassinados, como se vê acontecer nos dias de hoje com tanta frequência".
E por estar situada num local tão diferente, a essa escola tão diferente, situada num município tão diferente, e onde eu passei os melhores momentos de minha vida, eu dediquei esta trova que aqui transcrevo, encerrando a minha crônica:
“No meu Campo de São Bento,
junto a seu verde esperança,
deixei saudoso momento
de meu tempo de criança".
(Alda Corrêa Mendes Moreira - Niterói, abril/1999).
(HOMENAGEM: A Banda Devassa, relembra essa crônica da professora Alda Corrêa, para homenagear a cidade de Niterói, pelo seu aniversário "445 anos"... Banda Devassa - Rio).
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